quinta-feira, 24 de junho de 2021

A tensão!

Como Hemingway aconselhou,
escoarei as dores na escrita
Palavra à palavra e
ditar claramente
diretamente
sobre o que ressoa 
e o que grita

O que assola é a sentença 
a da morte 
Morrerei de desejo num instante
A tensão é tão forte!

Atenção
A tensão
É animalesca e direta
Um risco

O desejo é do sexo, 
mas mais do que isso e
tão mais!
Tão mais que isso!

Mais que tudo que já quis 
é ultrapassar a membrana
O som à contraposta 
e o calor que do corpo emana 
e que envolve
Incivilidade! Selvageria!
Quero a luta entre os lençóis da cama

Quero o rosto contorcido 
As mãos levadas aos cabelos
polegares pressionando as têmporas
A voz subindo e subindo 
calando o silêncio com grunhidos 

A ausência do palavreado
As mãos pendendo os lábios,
friccionando os dedos no contorno da boca
Sorriso irracionalizado 
e o sangue do tortuoso caminho de veias
vagaroso e deslizado

O prazer do desejo sendo satisfeito
E nunca do satisfazer!
As pernas cruzando-se, embaralhando-se 
em d 'estratégico emaranhado

Não se juntam os átomos pelo constituir da física
Mas a arte do prazer, 
inverte as leis
juntam-se todas as partículas

O olhar vago,
míope
só alcança o outro

A tensão!

Para quê a visão? O porquê do enxergar? 
O toque vê, o toque olha, o toque admira
acalma, e traz o extasiar
A distância dos olhos é preenchida pela fantasia

O desejo caloroso é inebriar toda a razão
criando o paradoxo dos sentimentos
a embaçar os olhos de suor
do provocar incontrolável, 
retira do pensamento o próprio pensamento

Morrerei com desejo
a falta do sabor

O desejo de ter,
amor 
(Nunca por inteiro)

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