quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Ponto final

 É uma dor muito grande existir, principalmente sabendo que a existência é completamente desnecessária pra mim, pro meu mundo e pro caos do universo.
 Falo demais, sinto demais. Repito as histórias. Inflamo o ouvido dos outros sem intenção com extrema frequência. Ocupo a privacidade alheia com os meus devaneios idiotas, com as minhas trapalhadas e meus exageros. Minhas personalidade é grande demais. Ela lota.
 Pensar em voltar pra inexistência (esse vazio de que viemos e para onde vamos) me atormenta dia e noite, o tempo inteiro. Por isso não sumi comigo antes.
 Eu não quero morrer. Mas vou derrubar a banqueta e quebrar meu pescoço naquele lenço verde, que costumo amarrar na janela do quarto, nos piores dias.
 Partir é sempre assim, dramático. Cheio de superlativos e apelações. É difícil, dificílimo. Quando menos se espera os pés se fixam no chão, cessando a asfixia. A mão larga o gatilho. A faca desencosta do pulso. E tudo que resta é um alívio puramente biológico, não mental. 
 A dor segue a passos largos, sempre em frente, mais e mais resistente.

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