sexta-feira, 28 de abril de 2023

Poetria XVIII

Deixa-me mais de teus indícios
tudo em que tocaste é solo sagrado
inclusive a mim e a meus vícios
em teus desejos encarcerados
são teus os lugares que ninguém mais tocará

Autotomia, meu bem, a capacidade de se despedaçar
de perder, perder-se e se regenerar
Vá, deixe tua faceta de fora
e solta em mim teu instinto

Não responda tão rápido o que sinto
num caleidoscópio, somos muitos nós
e todos nós, mil labirintos

E se teus dedos os alcançassem todos, embriagados de absinto!
Meus fluidos, nossas águas, teus líquidos
além da idiossincrasia e da fabulação
além da tua pele faminta, alimentada
das tentações de um deserto que te finges são.

É tudo tão simples, tão vão!
Um crime de quatro mãos
Saciemos a fome da tua gana
Mate tua sede em minha cama
que é um atar de nó que não ata
Matemos a saudade
enquanto a saudade nos mata.

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