sexta-feira, 17 de junho de 2022

Poetria VII

Ferimento aberto

Cicatrizado

quando se cura, abro


Escuro tom desbotado

Escorre com ele memória


Jaz, nestas veias, história

Aqui se faz prova:

Estive viva, eis minha glória!


O pulso pulsava um vermelho corado 

líquido, não ressecado 


Fúnebre agora

Escorrias dentro, não fora


E viril percorria meus vasos

em sua própria força e ação

Fazia do coração bem mais coração


Era o vermelho, não mero vermelho

decorava de vida este artelho

A ti, memória, hoje basta o anseio


Do fluido que era arte

Tão rubra cor, essa escarlate

Fiz-te de baluarte


O corte liberta

a dor, a lembrança, a descoberta.

O que há de bom no mundo?

Esta ferida aberta.


















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