quarta-feira, 21 de julho de 2021

Mudança

 Mudança tem algo de indissociável com o tempo. Demos nome de tempo pra essa coisa que nunca para de mudar, que acontece incessantemente. Eu sempre tento agarrar o tempo quando a mudança que estou vivendo é boa demais para o que virá em seguida. Pare, mudança! Já está perfeito por aqui! Tentei segurar, sempre tento, na verdade, e não consigo... então tento decorar aquilo tudo pra me deliciar depois. A maravilha que é ter um cérebro dotado de reviver memórias é poder simular tantas vezes quanto possível aquele momento de mudança estática. Mas a mudança afeta até a memória. Muda o momento simples para uma grandiosa ópera, muda os móveis de lugar. As mãos nunca ficaram tão próximas, aquela não era a cor do meu cabelo, aquela música sequer havia sido lançada, então não era a que tocava na pista de dança. Nunca se revisita uma memória da mesma forma. Tudo e absolutamente tudo muda. E que bom é mudar, porque a ausência de mudanças é a inexistência, enquanto mudar é a exploração da vida. Não sou a pessoa que fui, e pouco me importa. Não penso da forma como pensava, e pouco me importa. Mudei ao ponto de aproveitar as mudanças. Mudar é uma constante possibilidade de amar mais, de sorrir mais, de melhorar, de sentir o sangue nas veias, correndo e correndo até não correr mais.

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