quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

O subsolo

  Costumo olhar pro espelho para ver meu reflexo e costumo perguntar aos amigos sobre como me enxergam, pelo mesmo motivo. Gostaria de me conhecer por fora, quando sequer me conheço por dentro! De qualquer modo, especulo, e eis minhas conclusões:

  Eu, à primeira vista, pareço bastante séria, bastante calma, bastante dona de mim. Mais de perto, pareço ser cômica, pareço ser interessante e pareço ser inteligente. Mais de perto ainda, pareço nunca falar à sério, pareço encenada, pareço prepotente. Aproxime-se o suficiente, e pareço desesperada por atenção, narcisista, arrogante e estúpida. Mais um pouco, e é onde todos estacionam, pareço imatura, com pensamentos e reações infantis. Entre em meus pensamentos, onde nem mesma eu piso, e se deparará com o que sou de verdade: triste, obcecadamente triste.

  E por ser tão triste, acredito que acabo sugando as forças vitais dos outros, então é preferível que eu use de todos esses disfarces, a fim de que eu mantenha uma distância segura entre nós. Humana que sou,  quando se faz forçoso chorar, a lágrima não é a água que sai dos olhos, é a escrita que sai às pressas e compulsivamente. Assim que me alivio quando a pressão interna é demais.

  Externamente, choro em riso, que é mais legal.

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