quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Infância e literatura

 Meu primeiro contato com a literatura, aconteceu na estante da casa da minha avó, em alguma madrugada da minha infância, em que perdi o sono, nos dias em que pernoitava na casa dela. Comecei a ler por curiosidade de saber o que aquelas capas divertidas escondiam dentro de si.

 Um dos primeiros livros que li, depois de devorar boa parte da "Série Vaga-Lume", foi de uma coletânea chamada "Para gostar de ler - Poesias, Volume 6". Ali eu conheci a Cecília Meireles, Mário Quintana, Vinícios de Moraes e Henrique Lisboa, e acho que esses nomes foram uma introdução magnífica ao mundo das poesias e poemas.


poesia é a “Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados”, enquanto poema é “Obra em verso ou não em que há poesia” *



 Acho que é por isso que os poemas e poesias me são tão especiais, eles me lembram de uma época boa, me ensinaram o sentir a vida de uma forma bastante artística, além de tudo isso, me deram uma boa ajuda no ENEM, uma década depois.



 Aqui vai a seleção de alguns dos meus poemas favoritos, atualmente:

O último poema do último príncipe

Era capaz de atravessar a cidade em bicicleta só para te ver dançar.

E isso
diz muito sobre minha caixa torácica

- Matilde Campilho

Tiranias

antigamente
diziam: cuidado,
as paredes têm ouvidos

então
falávamos baixo
nos policiávamos

hoje
as coisas mudaram
os ouvidos têm paredes

de nada
adianta
gritar

 - Rui Proença


Dualismo

Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.

- Olavo Bilac (1919)

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