sábado, 17 de agosto de 2019

Os Comandos Paradoxais


  Foi através de uma mentira que eu tive o prazer de conhecer os "Comandos Paradoxais". Mais especificamente, em um vídeo que mostrava imagens da atriz e cientista Hedy Lamarr, onde o narrador lia os comandos, em inglês, e os atribuía aquela, falsamente, a autoria do texto.


  Procurei na internet, e encontrei os tais comandos, mas dessa vez a atribuição da autoria estava, também falsamente atribuída, a Madre Teresa de Calcutá.

  No fim das contas, encontrei o autor do texto, e ele não tem nada de artista nem de santo.

  O autor Kent M. Keith, em 1968, foi o responsável por criar um curiosíssimo paradoxo, em seu livro denominado "The Silent Revolution". 

  Keith, que havia sido líder estudantil no colégio Roosevelt High School, em Honolulu, e bastante ativo nas lutas estudantis, direcionou seu livro a líderes estudantis de ensino médio, com o intuito de ensinar o significado de uma boa liderança.

  De acordo com o site oficial dos "Comandos Paradoxais", o livro foi escrito, partindo de uma presunção bastante audaciosa: a presunção de que a você se importa, verdadeiramente, com as outras pessoas, com o que elas pensam, como elas se sentem, o que elas precisam, e o que você pode fazer para ajudá-las. Para Keith, importar-se é uma grande característica de um bom líder.

  Para o autor, o grande desafio é sempre fazer o que é certo e o que é bom e verdadeiro, mesmo que você não seja apreciado por isso. Você deve se manter resiliente, a todo momento, caso contrário, muitas das coisas que precisam ser feitas no nosso mundo, nunca serão realizadas.

 Não ser valorizado pelas suas boas ações não deve ser um obstáculo, mas há uma outra situação, que é muito pior que a desvalorização: quando aqueles que estão sendo ajudados te atacam. É nessas horas que é necessário se manter mais firme em fazer o que é certo, é preciso se importar, e olhar os ataques pela perspectiva da compaixão. São nestes casos em que se nasce o paradoxo:

1. As pessoas são ilógicas, irracionais e egoístas. Ame-as, mesmo assim.
2. Se você fizer o bem, as pessoas suspeitarão de seus motivos interiores. Faça o bem mesmo assim.
3. Se você obtiver sucesso, ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos. Tenha sucesso mesmo assim.
4. O bem que você faz hoje, será esquecido amanhã. Faça o bem mesmo assim.
5. Honestidade e franqueza te fazem vulnerável. Seja honesto e franco mesmo assim.
6. Grandes homens com grandes ideais podem ser abatidos pelos menores homens com as menores mentes. Pense grande mesmo assim.
7. Pessoas beneficiam os desfavorecidos, mas só seguem os favorecidos. Lute pelos desfavorecidos mesmo assim.
8. O que você passa anos construindo, pode ruir em um dia. Construa mesmo assim.
9. Pessoas que realmente precisam de ajuda podem atacar quando você tentar ajudá-las. Ajude-as mesmo assim.
10. Dê ao mundo o seu melhor e você será chutado nos dentes. Dê ao mundo o seu melhor, mesmo assim.

  Seguir os comandos, é cansativo, dá nos nervos e é praticamente impossível. Mas se você trabalhar, com todo seu potencial para os atingir, não ficará arrependido. Afinal, você fez o melhor que pôde.

  O autor alerta que esses comandos não são destinados a santos ou mártires, mas a pessoas profundamente humanas, dispostas a serem líderes sensíveis.

  A atribuição do texto a Madre Teresa de Calcutá, se deve ao fato dela ter pendurado os "Comandos Paradoxais" em uma parede de um quarto em Calcutá, fato este que foi registrado em um livro de 1995, chamado "Mother Teresa: A simple Path". No caso, a internet acrescentou aos comandos da Madre Teresa a seguinte frase "A análise final será entre você e deus, nunca entre você e os outros" - o que contraria, ao meu ver, a ideia central dos comandos, acerca de altruísmo absoluto pregado pelo  verdadeiro autor da obra.



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