domingo, 25 de junho de 2017

Fastidium

Estou desconectada. Não estou ansiosa ou triste. Só longe. Longe de tudo e de todos, sem concentração, força de vontade ou vontade de ter forças. Não quero morrer, mas também não quero viver. Talvez eu esteja entediada, e só. Não há assunto que me agrade, filme que me prenda ou piada que me faça rir. Deixei de sentir, de ter compaixão ou de ligar para as coisas que eu costumava gostar. 

Não acho que eu tenha depressão. Eu consigo me levantar da cama, conversar com outras pessoas e rir. É que, quando saio do convivio social, entro em total indiferença. É como se eu sempre precisasse de algo estimulante e, sozinha, quando paro pra refletir, não encontro nada.

Veja bem, estou presa numa vida que eu nunca quis, com pessoas boas demais, passando por situações que eu não queria passar e lutando por um futuro que eu não me importo. Não há absolutamente nada que me deixe com vontade de mudar o rumo pré-concebido que estou tomando. Não há saída.

Sinto que eu deveria enxergar a vida como um emaranhado fantástico de possibilidades e valorizar todos que me ajudaram e me fazem companhia. A partir do momento em que eu nasci, tive o privilégio da consciência e de construir minha própria rota para a felicidade, e eu não fiz nada até agora. Acho que não há sequer espaço para rotas. 

O meu significado para a felicidade foi mudando com o passar dos anos, agora ele significa utopia. É uma ideia que me faz continuar, e que se aviva toda vez que coisas boas acontecem. Contudo, viver é ter 2 minutos de alegria, 3 de tristeza e o resto de total monotonia. 

Para não imergir em depressão, atolo a minha mente com coisas mundanas. Vou vivendo a vida como um fantasma, aproveitando um dia após o outro e ignorando o tédio da forma que der.

Somos profundamente infelizes, mas não temos coragem de admitir. Os que admitem ou se suicidam ou continuam vivendo na melancolia. Sou parte do segundo grupo por covardia.

Fico tentando imaginar as escolhas que eu poderia ter feito e que eu poderia fazer, mas em nenhuma delas eu encontro a plenitude, nenhuma delas me distrairia por tempo suficiente. Minha vida vai ser longa demais.

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