sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Puerpério

Há um secreto dentro de si. 
A nascente dos sentimentos íntimos demais. 
De cordão umbilical invertido. 
Acolhidos presos no útero do que não falais.


Frágeis como aço em temperatura crítica.
Disformes puxam as cordas detrás das cortinas
Creem-se, desde a concepção, gestados. 
Contraem-se ritmados. Prendem-se nas próprias cordas tecidas. 


Não sabem nascer. E nunca se dá à luz por completo. 
Nunca se os arranca da carne sem severa amputação. 
E o que se pare é muito pouco do que são. 


Da língua ao céu, da boca aos lábios. Exagerados de menos, interrompidos. 
Caluniam aos ouvidos. Nos expõe fracos, sem placenta na mão. 
Puerpério de nada, natimortos que são.

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