sábado, 6 de agosto de 2022

Cadabra!


Desenho inspirado neste poem

Desde jovem, muito jovem

Aos montes me tolhem

Deixo. Que olhem!


Cresci feia - ora, pois, ris!

Nariz torto de chafariz

Verruga na ponta e adorno de cicatriz


E cresci com tudo

Trajei chapéu pontudo

Teci-me de preto - escudo


Deram-me vassoura "Para o chão!"

Ao cão!

Transformei-a em aviação

Sobrevoei seu espantado coração


Da fogueira a qual fui amarrada

E era quente feito vulcão

Escapei com esforço de nada

Colhi a madeira - lenha pro caldeirão


Do espanto e do ódio

Olho de sapo, lasca de ródio

E de cima do pódio, bebi com limão


Em minha cabana isolada

És doce, morada!

A escória da população


Importo-me? Pouco

Converso com corvos!

Têm melhor oração


E passeio entre a floresta

Aventuro-me em suas frestas

Leio meus feitiços

Meus amigos esquisitos


Marco as folhas com minhas unhas compridas

Afio nas cortinas!

Meus cabelos já brancos

E todos em bando:


Às crianças perdidas, ofereço doces

À bela jovem, um tear

E a maçã que envenenaram

Puseram-me a tudo culpar!


Afundo na floresta

"Nunca a vimos" - o povo em festa

Mas me veem nas frestas

De suas morais avessas


De suas culpas quietas

realizadas às pressas

Em oportunas surdinas

Afio minhas unhas em suas cortinas

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