segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Você acredita em pessoas ruins?

Talvez eu seja muito inocente, talvez eu precise ganhar mais experiência nessa vida, mas, até agora, nunca me deparei com uma pessoa verdadeiramente ruim - sim, mesmo estas figuras históricas notavelmente reconhecidas como ruins.
O conceito de "pessoa má" é nebuloso, ninguém sabe direito o que é, mas todo mundo tem muita certeza sobre quem possui essa característica, nessa mesma linha segue o meu raciocínio acerca de “ato mal”. Essas definições são baseadas na moral pessoal de cada um, elas não são uma verdade universal e imutável. As pessoas se baseiam muito no que acreditam ser o certo e, mesmo que elas achem que o que estão fazendo não seja o moralmente correto pra sua época, elas ainda tentam se justificar – e exemplos disso se vê aos montes.

Em tempos de necessidade a sociedade se transforma completamente, durante a era nazista muitos dos cidadãos “de bem”, em face da época, passaram a agir como os “maus”, a agir do que, hoje, no conforto de uma era de paz, percebemos como mal. No apartheid essa inversão do que é “certo” e “errado” também aconteceu. 

O que esses fatos tem em comum, e em comum com tantos outros, é que as pessoas agiram “errado” para se preservarem, porque acreditavam estarem certas e até mesmo pelo prazer de verem o caos. Nas primeiras duas alternativas é mais simples perceber as suas motivações, elas queriam sobreviver, em razão de seu instinto de sobrevivência, e/ou elas sentiam que aquilo que defendiam era correto. A última alternativa, bem, ela é o que se conhece por “ato ruim” que só pode vir de uma “pessoa ruim”, afinal, ela gosta de ver o caos (!). Ocorre que este prazer imoral é humano, é o traço da nossa espécie que é mais humano: é o nosso lado animal. 

Assim, acho que a chave para entender o que é ser mal é a palavra “indiferença”. Esta pessoa “má”, eu concluo, é aquela que age por instinto, ela se guia pela recompensa da sensação de prazer, e é indiferente ao que é moral e ético. 

Nós, sociedade, não gostamos de indiferença, e um bom exemplo disso é o fato de criarmos deuses e termos crenças, por simplesmente não suportarmos a ideia de que o mundo não dá a mínima para a nossa existência. Nós odiamos o indiferente, nós o rotulamos como mal e camuflamos seu significado, pois nós queremos nos afastar da ideia de que somos assim, de que nascemos do indiferente e de que morreremos nele. Não queremos lidar com o fato de que o indiferente é irracional e incontrolável, é uma verdade estampada na nossa cara. 

Em suma, não queremos ser maus e nos afastamos de tudo que é indiferente, afinal, o pensamento majoritário é de que somente os animais, os insetos e os seres não civilizados, são indiferentes, assim pensamos, pois estes não possuem nossas regras, não possuem nossa sociedade, não são "complexos" como somos e são "inferiores" a nós, os vencedores da seleção natural. 

Além do mais, acho que a sociedade também usa esse personagem incerto, naturalmente ruim, que está sempre à espreita, como uma forma de não encarar o fato de que ela pode agir de forma contrária ao que vê como correto, como forma de não se perceber de maneira negativa. Todos somos capazes de praticar coisas "ruins", somos falhos, agimos por instinto, instinto este que nos acompanha desde o nascimento, que é passado de geração pra geração através de nossa herança genética, que veio do nada e que pro nada voltará. Não há "mal", assim como não há "bem", nós criamos ambas as ideias, apenas.

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