terça-feira, 8 de agosto de 2017

Aconteceu com uma amiga

O que eu penso sobre mim mesma? Ah, sou uma garota bonita, interessante e divertida, claro. Não julgo o livro pela capa, mas pelo conteúdo. Tem essa amiga minha, que não vou dizer o nome, pra não a expôr, claro, que me disse certa vez:

Se eu tivesse uma autoestima ela estaria arruinada.
Eu vi uma pesquisa dias atrás que constatou que depois das pessoas olharem pro espelho por 5 segundos elas se sentem mais bonitas. Eu sinto o contrário. Quanto mais me olho, pior me vejo. Por isso ando evitando espelhos, selfies, câmeras, etc. Prefiro ser ignorante quanto a minha aparência física natural.
Quando estou maquiada, com salto-alto e com um vestido que custa o meu salário inteiro, a minha estima sobe um tanto, mas não muito. Acho que eu consigo fingir bem que penso algo bom sobre mim, no que se refere a aparência física, mas isso é uma mentira muito grande. Na maioria do tempo eu tento apenas não constatar o fato de eu não ser mais uma pessoa fisicamente atraente.
No começo, quando percebi que não seria uma daquelas garotas bonitas, que eu não atraia os homens por ter um corpo ou um rosto bonito, mas somente apenas porque eu tenho uma vagina, eu me deprimi bastante. Agora, eu só tento esquecer desse detalhe. Sou mais que uma aparência, sou mais que carne, gordura e ossos. Logo, eu tento me preservar de sofrer pelos meus aspectos físicos.
Se eu faço academia é porque quero poder correr sem perder o fôlego, pois quero viver mais e porque adoro me movimentar. Se passo maquiagem é por pura diversão, por distração, não é mais um esforço diário. O protetor solar de todo dia, as idas ao esteticista, os gastos com produtos estéticos: tudo porque gosto de sentir que estou cuidando, minimamente, de mim mesma.
Mas às vezes alguém vem me lembrar. Alguém vem me contar o que acha de mim sem que eu peça. "Hey, você fica melhor maquiada" ou "Hey, quem é aquela garota linda que aparece nas suas selfies?". Nessas situações eu me abalo um tanto. Não tanto quanto antes, mas me abalo. É como se um sopro destruísse tudo o que estava encoberto na minha consciência e eu me lembro: Meu deus, sou feia. 
Quando alguém quer me abalar, é fácil demais. Tão simples. Se as pessoas soubessem o tanto que eu tento esquecer de como aparento!
Depois dessas situações - que me arrasam bastante - eu fico tentando me reconstruir. Isso demora um tempo. Demora muito mais se eu estiver na TPM. Não quero viver em função do que as pessoas esperam de mim, quero viver em função do que eu espero de mim. Não quero me decepcionar. 
Eu li em algum lugar que mulheres da terceira idade deixam de se preocupar com a aparência física pq elas meio que já desistiram de ser bonitas. Eu estou tentando entrar nessa onda. Não quero me esforçar mais. Quero descansar e aproveitar outros aspectos da minha vida. Quero me preocupar com outras coisas, ser arrasada por outras situações. Deixar de sofrer interferências externas.

Mas compartilhar insegurança com os outros é tão, hãm, íntimo, né? Eu não faria isso não, claro, sou bem resolvida. Talvez ela precise ir a algum psicólogo, né. Bye, bye.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E aí, o que achou?