sexta-feira, 28 de junho de 2024

O exilado poeta

Sócrates a me reprimir
Disse, nas letras de Platão:
Que meus belos escritos
A ninguém fazem rir,
São teatro, enganação,
Que entorto as palavras retas,
Que inverto todas as setas,
Altero em tudo a direção.
Ah, coloco-o à indisposição,
Como é importante a verdade!
Mas a tenho por diversão.
Quereis ouvir com acuidade
Minha pomposa contestação?
Ora, pois preste-se à atenção:
Debaixo do chão que os enterra
A poesia buscarão em vão!
Desde a caverna, das mesas das tabernas
Aos impressos, ei-la viva, em vossa oposição.
E mesmo que se construam cidades à beça,
e farão frequente sua demolição,
Há sempre de morrer um poeta,
A Poesia não!

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