quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Uma metáfora de meia tigela

 Os meus melhores textos- ou o que eu acho que sejam meus melhores textos- vêm de onde eu menos espero. Eles aparecem do nada, quando meus dedos e minha mente andam mais juntas e deixam de se importar tanto com o sentido que as coisas deveriam ter.
 Sabe, eu sempre gostei de escrever, mas me senti muito assustada quando descobri que existiam milhares de regras pra seguir, pra moldar o que eu penso, pra deixar tudo o que é legal numa fôrminha de bolo de milho. Eu odeio bolo de milho, mas adoro escrever e, por essa razão fiquei meio deprimida. Foi aí eu descobri, depois de refletir um tempo, que nessa fôrma cabiam outras receitas e, dentre elas, a minha favorita: bolo de brigadeiro!
 O problema começou quando eu passei a achar a minha receita de bolo uma grande cópia de todas as outras receitas, e daí em diante tentei fazer uma que fosse minha e original. Foi quando tentei gourmetizar- o que foi um desastre completo-, que percebi que eu conseguia fazer um bolinho mais simples só puxando os ingredientes da memória. Acho que talvez seja por isso que eu tenha vergonha de chamar pessoas para experimentar o que eu faço, é tudo simples demais: o bolo não tem nada de especial, e talvez seja doce demais pra maioria dos paladares, só que eu gosto.
Pois é, não é fácil fazer textos (ou bolos).

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

STATUS QUO

Não gosto de soar arrogante,
mas nesse mundo todo papel programado é fundamental
Tudo que digo se torna importante
Com essa gente que encontra defeito em tudo o que é normal
O ''mas'' nas minhas sentenças agora são um problema
E é tudo por causa desses politicamente corretos
Sempre me pego num dilema
E é difícil lidar com esses novos sentimentos indiscretos
Tudo o que rio já não me parece tão legal
Agora parece que convivo com um decreto
De me sentir arrogante em tempo integral

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A comédia que é a vida

 Quando se é criança- pelo menos no meu caso-, você não quer papel nenhum, só quer brincar. Aí acontece aquela fase embaraçosa em que você não é criança e nem adulto, aquela que, no fim das contas, ninguém se sente muito orgulhoso de ter passado, das decisões que tomou durante ela: a adolescência.
 Durante a adolescência, tudo o que a gente quer é ser o legalzão da turma, e se não der, pelo menos que não sejamos os mais zoados. Pra sobreviver nessa selva, nesse antro de aparelhos ortodônticos e acnase, a gente acaba por pegar uns personagens de filmes, séries, jogos, uns trejeitos daquela tia legal e independente que mora na cidade grande e torce pra essa caracterização peloamordedeus funcionar.
 A minha personagem não funcionava muito bem, o problema mesmo é que eu era indecisa que dava dó, toda hora eu mudava o conceito de ''legal'' e ''chato''. Então, tinha esse dia que eu acordava Madre-Tereza-de-Calcutá e ia regularmente as aulas, tirava notas boas e ficava distante dos gatinhos do colégio- parecia até que eu tinha pedido medida protetiva de 100 metros de tudo de prazeroso que a vida tinha a oferecer-, e tinha esses outros dias que a rebelde sem causa relevante surgia.
 Lembrar disso é engraçado, mas me deixava cansada esse teatro todo. Haviam essas pessoas que diziam pra gente ser quem é, mas isso não fazia muito sentido pra mim na época porque eu não sabia se eu era alguém pra ser, se é que me entende.
 No fim, essa fase passou tão rápido, toda aquela coisa de hormônios a flor da pele deixou de me assombrar. Estou num processo de desaceleramento emocional e isso está me fazendo muito bem. Percebi que quando a gente cresce, prefere ser a melhor versão de si ao invés de ser a melhor versão que puder encontrar na cultura pop. Mas não serei hipócrita nesse texto, sinto um tanto de falta daquela bolha de emoções violentas, mas só sinto mesmo, não voltaria atrás com uma máquina do tempo pra viver tudo de novo, por enquanto.
 Enfim, esse texto é meio sem final, já que a vida é essa comédia nonsense com a qualidade que varia entre Monthy Python e Zorra Total, que não vai te dizer se o que você sente é real, se o que você pensa é correto. Quem sabe, daqui 10 anos eu não esteja mais de acordo com o que aqui foi escrito.

:*

Essa gente enfadonha...

 Até hoje tento encontrar a razão de ter feito um blog, de colocar um monte de coisa pessoal e que iria para o cantinho do esquecimento na internet. Talvez seja porque eu sempre perco meus diários nas minhas bagunças, talvez seja porque eu quero fazer as pessoas sentirem algo bom, que não seja pena ou vergonha alheia, ou eu seja só egocêntrica mesmo, uma menina afim de avaliar a si mesma através do que escreve. Acho que não é preciso ter razão nenhuma, afinal de contas, pra escrever coisas íntimas e acessíveis a qualquer um. E esse ''qualquer um'' inclui stalkers, estupradores, criminosos. Acho que eu deveria simplesmente parar de escrever um blog, afinal, isso é muito perigoso. Tô falando demais, não tô? Sobre o que eu ia dizer mesmo? Estou ficando parecida com aquela gente prolixa, sabe? Aquele tipo de gente enfadonho, que fala demais e não chega a lugar nenhum, que diz tanta coisa e não termina o assunto, que faz perguntas retóricas em excesso. Isso chega a deixar as outras pessoas zonzas. Queria mesmo é colocar um prolixo num potinho e observá-lo implodir de tanto falar e falar. Odeio essa gente! Apesar que odiar... Odiar é uma palavra extremamente forte, né? Como que a língua humana é evoluída, gente! Uma palavrinha consegue ter uma carga forte de emoções e com a capacidade de nos deixar atordoados: felizes, tristes ou bravos. Sentir é algo incrível, assim como aquela animação em que os sentimentos tem sentimentos... Sabe, mudei de ideia, gente prolixa é até interessante, pode te oferecer informações interessantíssimas e acrescentar muito em sua vida e em sua carga cultural. É, eu amo esse pessoal prolixo. Mas ainda não sei por que eu fiz um blog.