domingo, 9 de junho de 2024

Poente

 Ando sentindo pouco ou quase nada. 

Descobri que vida é assim: parada. Sofri a angústia da descoberta, feito adolescente que da infância se desperta, até que envelheci. E como são melhores as águas calmas que as turbulências em que vivi! 

Quanto mais se sente, mais se sente, e a cada voo alçado em sua potencialidade, com menos se contenta o sentimento, pior se lida com a gravidade.

 Descobri que preferimos a dor ao tédio. Que queremos mais do ritmo da existência, mais de tudo o que há de anestésico, uma vida à la carte, sem percebermos que a placidez é sua maior parte.

 O tempo passa vagaroso quando se vive a vida, como um caminhar de um idoso e passa muito depressa quando dela se refugia, como a criança que desafia suas pernas recém-descobertas.

 A vida não se evapora mais rápido ao meu envelhecer, o sol sempre nasceu, depois vai se acomodando no horizonte, no conhecido poente do meu entardecer.

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