Para uma sociedade capitalista, amadurecer significa ganhar dinheiro o suficiente para sair da casa dos pais e gastar o salário num segundo núcleo econômico-familiar. Para essa sociedade que vivo, amadurecer e ser adulto são sinônimos. Quanto mais cifrões, mais adulto. Mais posses, mais responsabilidades, mais maduro! Mais filhos, mais humano! Mais sucesso, e o sucesso é sempre financeiro, mais feliz!
O adulto é alguém que tem muitas responsabilidades. Nossa sociedade cobra muitas responsabilidades desde a infância, tanto sociais quanto financeiras, mas o adulto as têm mais e por mais tempo. Ele é uma consequência disso. Eles têm um acúmulo de muitos anos de muitas responsabilidades sociais e financeiras. É isso que faz com que os adultos sejam identificados como tal e também a razão pela qual sorriam pouco. Quando sorriem é com sarcasmo, note bem.
O adulto não tem mais alguns privilégios como a juventude, então possuem mais dores e também não sabem cuidar direito delas - até porque nunca foram ensinados a se cuidarem para além daquilo que traz ganho financeiro e, se não ganho, o status do ganho. E isso até nos meios mais cults. Percebe que a educação é tratada como uma ferramenta para o ganho financeiro? Um status? A educação não é tão mais interessante que os assuntos cotidianos entediantes que os adultos escolhem falar. Não possuem um só assunto que seja curioso ou divertido. Falam uns dos outros nessa arte nem tão sútil de controle moral e de comportamento alheio. "Olha como ela se veste". "E como ele se porta?". Se esboçam emoções sinceras, garanto, é porque o cortex pré-frontal foi desligado pelo álcool.
O adulto só ri de coisa de adulto, quando está sóbrio, não de bobeira. Ri aquela risada amargurada sobre aqueles assuntos entediantes da vida humana: louça acumulada, problemas no casamento, filhos e sobre como a cerveja gelada é boa. Tem a lista completa do que gosta e desgosta. E tudo que gosta deve ser liberado e tudo que desgosta, proibido. Sem meios-termos.
O adulto só entende o que está acostumado a entender, nada de novo, porque aprender o que não se precisa dá fadiga. E eles estão sempre tão... tão fadigados! E isso tem suas implicações. Ele confunde - como só um adulto pode confundir - a felicidade com o alívio. O alívio da conta que foi paga, do filho que dormiu, da companheira que está de bom humor (ou pelo menos calada, sem encher sua paciência). Sente o alívio do dia acabado, da semana que passou, da aposentadoria que se aproxima. Só pensa na morte quando está suicida, nada além.
O adulto é mais invejoso, mais triste, mais estressado. Não se impressiona com nada que não lhe forneça uma ostentação financeira. Porque é o financeiro o status, o símbolo, o marco da maturidade moderna. As chamas do iluminismo educacional apagadas dentro de sua alma, o que resta é uma luz led numa vida maquinal. São tudo o que foram treinados para serem desde a infância, com o acréscimo daquelas rugas ali, cabelos brancos acolá.
Ser adulto é ser humano infeliz completo, até que a morte o separe. Cruzes!
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