Ferimento aberto
Cicatrizado
quando se cura, abro
Escuro tom desbotado
Escorre com ele memória
Jaz, nestas veias, história
Aqui se faz prova:
Estive viva, eis minha glória!
O pulso pulsava um vermelho corado
líquido, não ressecado
Fúnebre agora
Escorrias dentro, não fora
E viril percorria meus vasos
em sua própria força e ação
Fazia do coração bem mais coração
Era o vermelho, não mero vermelho
decorava de vida este artelho
A ti, memória, hoje basta o anseio
Do fluido que era arte
Tão rubra cor, essa escarlate
Fiz-te de baluarte
O corte liberta
a dor, a lembrança, a descoberta.
O que há de bom no mundo?
Esta ferida aberta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E aí, o que achou?