quinta-feira, 21 de abril de 2022

Remetente

Às cartas nunca entregues, relato

Meu luto e meu pesar

Santa a intempérie dos enamorados!


Destinatários perdidos...

Papéis extraviados

Confissões jamais lidas,

e segredos nunca revelados


No fundo dos armários

Lançadas ao vento

Desintegradas no mar

Aos quatro elementos!


A água a afogar

escritas de tanto alento

O fogo a inflamar

a frágil tinta dos sacramentos


A terra a enterrar

as letras dos amores lentos

No ar, a flutuar

o cessar dos sofrimentos


E o tempo, apressado em se esgotar

e a nunca te contar

o segredo do meu sentimento

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