Há situações sem saída, em que o máximo que podem te oferecer é o paliativo do ouvir. Pares de ouvidos ali, que tanto me ouvem, que tanto sentem comigo, mas que nada podem fazer. Muitas vezes me encontro em situações em que se mostra difícil o exercício empatia. Canso os ouvidos, tentando me explicar, e canso de cansá-los. Não entendem! As palavras se esgotam, e os sons que emito perdem o sentido. Não tem culpa à conferir. Assim somos nós.
Quando isso acontece, o que me resta é a arte. Não aquela em que me expresso, mas aquela que se expressa por mim. Busco nas telas o meu destino, nas cores tristes o ressoar das minhas sensações. As músicas chorosas choram por mim e junto comigo, e os desencantos fictícios e suas reviravoltas imprevisíveis, servem de encantos reais e de previsibilidade de possibilidades. A melancolia artística me impacta desse modo, e sinto que me abraça até mais fortemente que os abraços humanos. Ela me mostra aos olhos e conta pelos ouvidos que eu não estou só.
O que sofro é sofrível, o que me despedaça, despedaça. A arte melancólica não afoga, me resgata. Valida os sentimentos mais inenarráveis e faz companhia. Com ela, nunca estou só.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E aí, o que achou?