Seus olhos são tão belos! Mas estão cegos. Quando olham em minha direção, me reparam com uma contida raiva. É contida, mas percebo pelas sobrancelhas, pela sua visão nebulosa, inanimada, que não olham para fora, mas para dentro, onde habita uma eu, talvez criada à sua imagem e semelhança.
E quando sua boca se abre para me responder, com relutância, os sons saem reprimidos. Os dentes cerrados importam numa acústica abafada. A escolha das palavras tendem às mais ríspidas. Há, entre seus lábios, um hálito particular, que cheira à ódio.
O silêncio não é menos pior. O silêncio é gélido, incômodo, como uma placa de alerta para que me afaste.
Há em seu corpo, muitos sinais de perigo. Há em mim, o impulso de arriscar.
E me arrisco.
Sempre me arrisco.
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