quarta-feira, 21 de julho de 2021

Justiça

 A justiça é um conceito difícil, e assim como o conceito da liberdade, é algo que todo mundo sente que sabe, mas que se enrola ao definir. E como se enrolam... Se pudesse humanizar a palavra, seria alguém de peito estufado e sorriso no rosto, dizendo orgulhoso que fez o que é certo. Justiça! Justiça! Justiça? Justiça?! O que é isso? Justiça é notavelmente fazer o certo, e o certo é que o certo é ainda mais abstrato. A Justiça é, portanto, de uma conceituação abstrata, e de forma irônica choca-se com frequência histórica cada vez mais intensa na Liberdade. Note: Quando se cresce a conceituação da Justiça, numa tentativa de limitar sua aplicabilidade, cresce o número de colisões com sua irmã abstrata, a Liberdade - que é mais velha e mais frágil e tão mais vaga, e como todo velho, tão facilmente abandonada! Mas isso deixo para outra hora. Por ora, A Justiça parece um agir contra o errado, e o justo é que O Certo prevaleça. É o certo, portanto, a raiz da Justiça. O certo é a rocha de gelatina em que se funda a Justiça e todos seus desdobramentos. Para os hadza o certo é um, para um ocidental vegano o certo é outro, mesmo que ambos tenham por certo a preservação da vida. O certo é definido pelos conceitos de grupo, pelo ambiente, pelos acidentes ideológicos, pelas guerras vencidas, pelos poderosos, pelos antes fracos que tomaram o poder, pelos tons cinzentos e falhas argumentativas, pela vantagem: pelo pensamento que prevalece. Um estatístico se debruçará em linhas múltiplas de raciocínio que tanto se desdobraram na história, a fim de encontrar de onde saiu que aquele certo é justo e que aquele injusto é errado. Seja lá o que seja certo e seja lá o que seja justo, isso é o certo (por agora) e ponto final.

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