quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Infinitude

Em meio ao vazio, flutuava solitária

Seguindo os rastros do nada

Inconsciente e involuntária

Quando dentre as trevas, uma surpresa iluminada: foi acompanhada!


Como mágica, se riu em alegria,

e esqueceu-se de como o silêncio funcionava

O seu vagar foi cercado de cantoria

uma festa completa, onde a monotonia hibernava


Mas, incontrolável, o tempo não pôde se segurar

e assim findou-se a folia

Novamente solitária, às lamúrias voltou a vagar

E a ninguém poderia culpar, por ter lhe apresentado o pranto e a melancolia


Agora, aprisionada em seu não findar

Se ia... se ia.





terça-feira, 4 de agosto de 2020

Deixa

 Repentinamente, sem aviso, surge esse sentimento estranho, e então eu imagino toda parte do seu corpo e lembro de tudo que tem seu cheiro. E daí  me vem as letras do seu nome, todas elas, repetidamente, num ciclo.
  
  Saber a intensidade dos seus batimentos cardíacos e a medida de sua íris quando me vê, de nada adiantaria. Saber se seus joelhos estão virados na minha direção, se seu corpo se inclina ao conversarmos, se sua voz se amansa e se o foco de sua visão são meus lábios, de nada adiantaria. Não adiantaria me tornar fluente na sua linguagem corporal, se nunca poderei aproximá-la a mim menos que a distância dos olhos.

  Apesar de tudo, não há dor que seja melhor que a do amor. Pelo amor vale sofrer, porque é justamente ele que faz a vida ser tolerável. Recíproco, unilateral, não importa! O amor inspira a arte, o amor inspira as músicas e as grandes festas das nossas vidas, além disso, é no amor que muitos de nós nascemos. 

  Não deveríamos nos arrepender de senti-lo, mesmo quando breve, nem de nos culparmos, quando ele é tão natural e incontrolável. O amor envolve as partes preciosas da existência, e ainda nos agracia em diversas formas diferentes, em tempos diferentes, em pessoas diferentes. 

  Não há porque morrer por amor, muito pelo contrário: há de se viver por ele!