O amor puro é visto como fraqueza, enquanto o ódio é força. Um "eu te amo" genuíno enrosca na língua, mas um "eu te odeio", mesmo que falso, sai afrouxado da garganta. Um acordo de paz exige muito mais que uma declaração de guerra.
É como se o sentir fosse cheio de amarras, um grandioso problema cultural, com gravidades variadas, positivado nas leis criminais até as religiosas: "Sinta-se assim, dessa forma, nessa intensidade, nessa fôrma, neste determinado período".
Escondemos com fervor o amor que sentimos, nos envergonhamos disso, rimos daqueles que sentem e suprimimos essas sensações em nós mesmos. E ainda temos um receio de aparentarmos gentileza, e por isso a nossa feição comum, na fila do restaurante, no metrô ou em qualquer lugar público é a rispidez, indiferença, tudo para não sermos vistos como fracos, incapazes de controlarmos a nossos instintos - oh, tão "contrários" à civilização!
A problemática ocorre quando a carga psicológica estoura e os sentimentos negativos se engrandecem e se ramificam, visto que não há como suprimir algo, sem que outra coisa oposta se libere.
Natural mesmo é o amor, o ódio é industrializado.
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