quarta-feira, 8 de abril de 2020

Consternação

 Quando sofremos, estamos no meio desse enorme furacão particular. Nosso sofrimento é o maior do mundo. Repentinamente! Como não veem?! Não há cura, não há fim pra dor, as palavras de conforto são todas genéricas, ineficazes, é escruciante. 

ES CRU CI AN TE! 

 Nos sentimos incapacitados e tudo a nossa volta perde um pouco da cor, um pouco dos cheiros e nada tem outro sabor que não seja de gororoba de hospital. Um girassol visto num dia ruim tem cheiro de velório, o sol é frio e nosso caminhar é fraco, como o dos doentes terminais. Cada passo à frente é reavaliado. Por que não voltar e deitar?

 O coração fica desritmado, como se morrendo em vida. Gritamos por dentro, usando toda capacidade pulmonar, porque a injustiça é grande demais, porque não merecemos aquilo. Choramos até os soluços. Nos escondemos em nossos cômodos, deitados como viemos ao mundo "É cruel, é cruel!". O riso do outro sempre é uma piada de mau gosto.

 Pra nós, um furacão de categoria sem precedentes! 

 Para os demais, 

 uma bola de feno rolando preguiçosamente no deserto.

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