sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Declaração

 Quando o amor ajusta a manga da camisa, encaracola os dedos no cabelo, franze o cenho, move as pernas, se aproxima ou mesmo quando passo os olhos na simples junção das letras que forjam seu nome, me sufoco com não sei que misto de sensações exóticas.

 Como um único ser vivo dentre outros bilhões de minha espécie, causa essa catástrofe nos meus neurotransmissores? Inexplicável como o amor atinge até a saúde, deixando a visão turva, a ideia fixa e tudo mais esplêndido, mais incomum, como uma alucinação. Inexplicável...

 Tenho essa vontade enorme de expressar em palavras, toda essa tempestade que acontece dentro de mim, mas acho que se os grandes poetas e músicos, que tanto se debruçaram sobre os pormenores do amor, não conseguiram decifrá-lo precisamente à razão, logo, quem sou eu para explicá-lo? 

 Na verdade, me parece que esgotaram as palavras bonitas e todas as suas variáveis! Ou se cria um novo dicionário ou continuemos a utilizar o que restou do que já existe, depreciando todo o esplendor do amor. 

 Artistas de todo tipo, que me roubaram antes que eu pudesse nascer, a oportunidade de falar de todo o coração, sobre o amor e suas inconsequentes avarias, tenho algo a lhes dizer:

Bastardos ancestrais criativos! 


  

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