segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O amor é brega

  Não adianta mais fugir de certas coisas, e talvez lhe escrever essa furdunça emaranhada e cheia de estranheza, as faça se resolverem de alguma forma misteriosa. Só preciso achar o fio da meada.

  Meu bom deus, o nervoso toma conta, mas tenho que começar de algum lugar: Bom... Ok, Certo, Vamos lá, Tudo bem, Tudo certo, Partiu, Adiante. Tá bom... acho que esse parágrafo inteiro é feito enrolação para não dizer o que tem que ser dito. Mea culpa! Mas como é difícil esse troço de se abrir.

  Bora, pois é aqui que tá o tal fio da meada:

  Acho que a paixão é um lero-lero desnecessário, que me pegou de supetão, e se imbromou nesse meu corpo, sem dó, nem piedade. E é por causa dessa joça que tô aqui - e em tudo quanto é ombro - chorando as pitangas. 

  É bobo o quanto sua presença me arrepia a pele, o quanto faz meu rosto avermelhar inteiro. Me deixa sem eira nem beira, dilata minhas pupilas e me faz ficar molenga...molenga, igual pudim no ponto. 

   A culpa ou é toda sua por colocar as belezas nos olhos de quem vê, ou é de deus que te criou assim, com tudo no jeito pra me fazer suspirar de um lado pro outro. Seja lá de quem for a culpa, eu tô arrastando minha asa por você, meu dengo. E tudo que queria era umzinho só chamego seu. 

  Ai, ai... tô que fico ouvindo a rádio, e qualquer músiquinha me deixa meio assim. Puxando aqui da memória, acho que pensei em nós dois juntinhos mais de mil vezes, só hoje, e meu riso fica tão frouxo que nem sei.

E sem pensar duas vezes, o sentimento cresceu todo destrambelhado no meu peito. E foi me atrapalhando a rotina toda. O amor, esse intruso, se assanha na minha voz, me fazendo dar com a língua nos dentes, em toda santa vez que tocam no seu nome. 

 Mas ao contrário da minha malemolência, o tal do amor é doce, mas não é mole não. Me deixa numa agonia danada, que só deus na causa!

  Se me pedirem pra explicar, a paixonite é uma mistureba de sentimento que faz o coração fica ora amuado, ora explodindo em alegria. Tem altos e baixos demais, que deixa a gente com o estômago embrulhado.

  Amar é trouxa, um saco sem fundo! E tudo quanto é coisa que cê apronta, mais parece um indício de que essa baboseira toda não é só coisa do meu coração. Ai meu pai, só faço é me obcecar. Quanto mais afasto o pensamento, mais ele se aprochega. 

    Fico sem jeito de sentir todo esse sentimento que tá descrito aí, e olha que procurei resposta em tudo quanto é canto. Um dia, com a benção do senhor (!), paro de me avoar tanto assim, e volto a ficar com o pé no chão, sem  azucrinação na cabeça.

 Até lá, vou ficando na minha, com um parafuso a menos.

  


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