sábado, 28 de outubro de 2017

Em outro lugar

  Talvez, num universo paralelo, eu esteja em outro lugar, nesse exato instante, de frente pra um outro computador, escrevendo um texto sobre como me sinto feliz. Muito provavelmente algo ruim tenha acontecido nesta realidade, que me impediu de estar onde eu sinto que deveria estar. Olho fotos e penso que eu deveria estar ali, sorrindo com aqueles sorrisos, que eu deveria conhecer essas pessoas. Me dá uma agonia muito grande perceber que estou enclausurada nessa minha situação terrivelmente monótona, sem alegrias.
  Nunca achei, de todas as pessoas que conheço, ser eu a única a não sair desta rua, desta casa, desta cidade. Eu já me arrependo grandemente de perceber que construí aqui uma vida sem escapatória. Vou morar aqui, nessa casa que vivo há quase 20 anos, por mais 10. Depois desse tempo, vou morar ali, dali duas quadras, com pouca ou nenhuma independência financeira.
 Alguma coisa deu errado. Eu deveria ter feito algo diferente, mas ainda não sei o que é. Talvez me faltou coragem em algum momento crucial nessa vida. Perdi de entrar em alguma porta, não atendi a felicidade, algo saiu do controle justamente porque eu não o assumi.
  É chato saber que essa vida aqui deixou de me surpreender aos 18 anos. Que daqui não saio e que daqui ninguém me tirará. Eu já sei o final da minha própria história.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Momento kawaii

Hey, eu sei que é difícil encontrar um filme/série de romance maneiro e que não é piegas (apesar que amor é uma coisa mto brega). Enfim, hoje acordei meio kawaii, por isso fiz uma singela lista das cenas mais bonitas dos romances que eu gosto, para aquecer corações.  :)

1. Romeu e Julieta (filme, 1968):

"Romeu: Se com minha mão pecadora eu tocar e profanar sua mão sagrada, aceito a penitência: então meus lábios, os dois humildes peregrinos, hão de apagar com um terno beijo o pecado de minha mão."

                                                Música ao fundo: What is a Youth

2. Romeu + Julieta (filme, 1996):





3. Capitú (2008; minissérie):

"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca." 


Música ao fundo: Elephant Gun 


4. Stranger than Fiction (filme; 2006):


Música ao fundo: Whole Wide World



5. Comet (filme; 2014):



6. Alabama Monroe (filme):



7. Across The Universe (musical):




8. Before Sunrise, Before Sunset e Before Midnight (trilogia):



1º filme (1995)

2º filme (2004)


3º filme (2013)

9. LOVE (série):


10. Her



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O Grande palhaço Pagliacci!


Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto.
O médico diz: "O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo."
O homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... Eu sou o Pagliacci."

Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano. 

(Watchmen - Alan Moore)

Lúcido

Ando por aí sem saber se estou sonhando
Ando me perguntando 
se agora estou apenas imaginando

Ando ou imagino que ando? 
Não faz diferença
o que estou pensando

O sonho morre ao amanhecer 
a realidade morre ao anoitecer
e tudo morre junto, no final

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Toda história de amor é triste

Talvez por isso que eu goste dos romances. Eles são trágicos. Todos os namoros acabam, os romances acabam, os beijos e até a própria vontade de amar acabam um dia. Shakespeare grita pra que o amor dele seja eternamente lembrado, pra que o tempo não devore os sentimentos dele, tempo voraz! Mas ele vai. O tempo devasta tudo, devora as garras do leão, as lembranças, o ódio e o amor.

O formigueiro

 Eu tenho apenas esse defeitinho que não me deixa em paz: problemas em conviver com pessoas muito corretas - que nunca erram ou que o que fazem, pensam ou a forma como vivem é considerada correta de alguma forma pela sociedade.
 Talvez seja essa a razão do meu círculo de amigos ter diminuído tanto nos últimos anos. Afinal, uma boa parte do corpo social ao qual estou inserida é composta por gente com esse comportamento engomadinho.
 Sabe, não é que eu odeie essa galera nem nada, é só que eu me divirto com essas caricaturas de humanos. Esses seres andando de forma civilizada, se comportando como se fossem parte de algo importante. É como ver um documentário sobre um pequeno formigueiro: pessoinhas fazendo seu trabalhinho no escritórinho, ouvindo suas musiquinhas que falam sobre o amor ou cerveja, tirando suas fotinhos pro instagram, usando suas roupinhas e compartilhando mensagens de auto-ajuda em suas redes sociais, torcendo por curtidas e atenção que só Erich Fromm (pra variar) explica.
 O que eu quero, quando vejo esse tipo de gente, é pervertê-las. É deixá-las constrangidas. É plantar o caos, nem que seja um pouquinho. Gosto de vê-las saírem dos próprios eixos. ''Oh, céus, o meu umbigo não é o centro da galáxia! Existem outras pessoas além de mim e minha opinião não é uma certeza absoluta pro universo!!''. Quando a conversa rende, por milagre, é como se eu ouvisse todas as coisas que a tornaram o que são hoje racharem um tiquinho.
 Será que é arrogância da minha parte? Não é como se eu me sentisse superior e aparte desse tipo de comportamento. Ademais, me sinto um tanto esquizoide perto delas e acabo divagando quando percebo que estão com medo de entrar num assunto que não envolva o clima ou a vida de um terceiro que, na imensa maioria das vezes, nem sequer está lá para se defender.
 Não estou com vontade de me colocar num pedestal nem nada, falo mal das pessoas e converso sobre o clima, mas canso de ficar só nisso: fulano foi traído, o clima está uma loucura. Preciso de gente que reclame e que veja defeito no status quo e que não tenha medo de entrar num assunto polêmico ou desconhecido.
  A vida anda meio parada, não é não?

*Texto escrito em abril de 2015

domingo, 1 de outubro de 2017

Insegure-se

 É muita prepotência falar, pense mais consigo. Não se deve falar nada, em momento algum!
Por que, se você disser alguma coisa, corre o risco de virar chacota, de tropeçar nas coisas que pensa, errar na vírgula e dizer algo contrário ao pretendido.
 Veja bem, se for possível não escreva o que vem a sua mente ou faça muitas perguntas... Na verdade, o ideal é que você evite qualquer coisa relacionada a linguagem e simplesmente aceite a sua ignorância em silêncio, já que questionar muito ou escrever demais vai te fazer parecer uma criança de novo.
 Eu sei, isso é muito extremo, e por isso talvez você deva abrir uma exceção para não cair na falta de modos. Fale só quando te direcionarem a palavra, mas com moderação porque ninguém suporta um falador. Faladores são vistos como pessoas fúteis, e você não quer ser um desses, não é mesmo? O que você quer ser é um pensador, uma pessoa quieta e misteriosa, alguém que todos queiram conhecer melhor. E o segredo, meu caro, é não deixar que te conheçam, e muito menos que te desvendem. Entendeu?
 Pronto, esse será seu papel daqui pra frente e com ele garanto que você se dará muito bem.

*Texto de 29/10/2015

Platônico

Quanto mais afastado você se mantiver das pessoas, melhor. É mais simples lidar com a figura idealizada de um ser humano, do que ter que conhecer a fundo sua humanidade, a sua parte mais delicada, mais frágil.

É embaraçoso perceber que a imagem, antes santificada, é suja, defeituosa e carente de atenção. É mais embaraçoso ainda ter que se desvencilhar dessa situação - você se sente culpado. A culpa te deixa muito tempo no mar profundo que é a alma do outro, e quanto mais você permanece, mais estragos acontecem.

Saia enquanto é tempo.