segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Poema do dia: O Segundo Advento

Girando e girando em voltas mais amplas
O falcão não pode ouvir o falcoeiro;
As coisas se desfazem; não se mantém o centro;
Pura anarquia espalha-se mundo adentro,

A maré obscurecida de sangue se espalha, e em todo lugar
A cerimônia da inocência é afogada;
Aos melhores falta toda convicção, e os piores
Estão cheios de intensidade apaixonada.

Certamente alguma revelação está próxima;
Certamente o Segundo Advento está próximo.
O Segundo Advento! Mal proferidas estas palavras
Quando uma vasta imagem vinda do Spiritus Mundi

Ofusca minha visão: nalgum lugar, nas areias do deserto
Uma forma com corpo de leão e cabeça de homem,
Um olhar fixo e impiedoso como o sol
Está movendo as lentas coxas, enquanto sobre ela
Oscilam sombras de pássaros do deserto indignados.

A escuridão cai novamente; mas agora sei
Que vinte séculos dum sono profundo
Irromperam-se em pesadelo por um berço oscilante.
E a besta fera, sua hora enfim chegada,
Se arrasta até Belém para nascer?



Infos: Poema escrito pelo irlandês William Butler Yets em 1919, após o final da Primeira Guerra Mundial.

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