sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Crítica v Problematização


  Preciso confessar que eu adoro ter razão sobre as coisas, qualquer coisa, mas principalmente filmes, séries e comida! E a minha maior alegria é quando eu consigo rebater um argumento de forma que meu adversário entenda o meu ponto de vista, de forma que ele não queira, posteriormente, colocar meu nome na boca de uma sapo, costurá-lo e arremessá-lo dentro da minha casa.

  Pois bem, estava eu surfando nesse mar de informação que é a internet quando me deparei  com um canal no youtube chamado CinemaSins (por favor, assistam), que teve a CO-RA-GI (!) de encontrar erros de roteiro, sequencia e filmagem em filmes que eu amo. Contudo, não fiquei brava com essa situação chata, na verdade, eu me inscrevi no referido canal para a) receber vídeos de uma pessoa mostrando pra mim tudo o que eu deixei passar num filme porque eu estava ocupada demais me divertindo, b) porque é divertido obter pontos de vista distintos sobre um assunto que eu amo, c) porque eu gosto de ter meu ego desafiado e d) porque tenho hobbies esquisitos. Devo estar parecendo muito esquisita pra você, nesse momento, huh?

  Após ter assistido ao canal acima referido, me voltei para a rede social Facebook e no meu feed apareceu um texto do BuzzFeed acerca da feminilização de personagens nas "telonas" e nas "telinhas", com isso, cliquei no link que me dirigiu ao artigo e o li, li também os comentários, pensei em suicídio, reclamei no twitter e vim correndo escrever esse texto às 07:14 da manhã de uma sexta-feira, porque sim.  Enfim, o que eu quero dizer nesse parágrafo, é que aquele texto me deixou muito irritada com a pessoa que o escreveu, mas principalmente com a pessoa que o traduziu e permitiu que ele fosse espalhado na internet e recebesse likes de brasileiros por motivos de: textão problematizador.

  Já reclamei aqui no meu blog, implícita e explicitamente, diversas vezes, sobre os justiceiros sociais, mas caso você não queira ler sobre as minhas reclamações anteriores: justiceiros sociais são uma nova espécie de ser humano que nasceu nos EUA a poucos anos atrás e está, muito recentemente, se proliferando no Brasil. Ressalto que essa espécie é cheia de normas que se adaptam ao momento, à discussão, ao bel prazer do opinador, e está dominando a argumentação de pessoas de esquerda. Além disso, sua forma de reprodução se dá através de "textões problematizadores", mas já está evoluindo para a reprodução por outras mídias.

  A problematização é um gênero não apenas de reprodução dos justiceiros, mas como também uma forma de se viver, é quase como uma religião, na verdade, é um aspecto da neo-esquerda. Ela funciona assim: você vê uma personagem feminina sendo vestida por personagens masculinos numa série, ignora todo o contexto e coloca essa situação como um problema a ser resolvido. Simples, não? Pois qualquer pessoa pode fazer isso, desde que seja um agente de esquerda, e dependendo da sua aparência física, você tem ainda mais vivencia, ou melhor, direito de "problematizar".

  Diferente da crítica, a problematização não tenta ser coerente, não tenta ser imparcial e se importa muito com a vida pregressa de seu interlocutor. Na problematização, se você for negro, você tem mais direito de falar sobre o direito dos negros do que um asiático, mesmo que aquele fale coisas como "supremacia racial negra" e o segundo fale sobre o racismo sofrido pelo negro de forma menos louca. Assim, caso o asiático tenha coragem de questionar o negro, ele seria acusado de de tentar "silenciá-lo" e de "tentar roubar o protagonismo", ambos termos muito subjetivos para explicar aqui.

  Antes que eu me esqueça: caso haja um justiceiro problematizador lendo esse texto, preciso informar que isso cabe a você, essa carapuça é sua, portanto, vista e não tente me acusar de "racismo" por algo que se aplica apenas a espécie justiceira/lugar de fala/ideologia antes de fatos, e caso você não seja um justiceiro, preciso informar que coloquei esse paragrafo porque essas pessoas tem uma forte tendencia de não interpretarem as coisas muito bem.

   Prosseguindo:

  Problematização é uma ferramenta utilizada por pessoas que querem que você se sinta errado, estúpido e preconceituoso e não se importam em rebaixar seu argumento baseado unicamente no seu gênero, na sua fisionomia ou no seu status social. 

   A problematização não é um jogo limpo, é uma arma ideológica que não deve ser utilizada por questões de segurança, porque por mais que ela pareça estar fazendo o bem, ela não está, considerando que o bem é algo muito subjetivo: para o meu tio é exterminar todos os bandidos, para algumas feministas é cortar o pênis de estupradores, para alguns é combater ditaduras e para outros é censurar o vocabulário das pessoas de forma a evitar ferir o sentimento das minorias políticas.

   A problematização, tão orgulhosamente ostentada por boa parte da nova esquerda, tão utilizada em seus """debates""", se bem analisada, é muito parecida com o tipo de argumentação utilizada pelas pessoas a quem eles tanto combatem, com as pessoas de direita que manipulam dados a seu favor e julgam o interlocutor pela aparência, só que, no caso destes, eles não tem um nome para isso. Devo parabenizar a esquerda nova por dar nome a algo que eu odeio?

  A crítica, pelo contrário, é aquela mania maravilhosa de algumas pessoas de tentar chegar a uma verdade, mesmo que ela desagrade, de expressar uma opinião baseada em fatos, sem valorar seu interlocutor sem ligar para a ideologia que ele carrega. 

  Sejam críticos, analisem tudo, questionem-se, procurem os fatos, utilizem a hermenêutica, não caiam na argumentação puramente ideológica da problematização, não se ofendam com a verdade. Vou até chutar aqui que, no momento em que a neo-esquerda perceber que não está adquirindo pessoas pensantes a seus movimentos e que não está sendo levada a sério por causa das problematizações, o mundo vai dar um passo para frente.

  Fim.
  

domingo, 7 de agosto de 2016

Uma mentira contada várias vezes


  Eu, ocasionalmente, me lembro de situações que ocorreram comigo de uma forma bem vívida, e isso depende de alguns estímulos externos. O que são esses estímulos externos?, você me pergunta. Ora, ora, estímulos externos são aquelas coisas que acontecem no cotidiano que te fazem lembrar do passado, por exemplo, quando você tropeça e lembra daquela época em que você perdeu o topo do seu dedão do pé enquanto brincava de pega-pega na escola.

  Sempre acreditei, desde criancinha, que eu deveria dar um valor muito grande às minhas memórias, que todo momento da minha vida era muito precioso e, apesar disso parecer muito complexo para o raciocínio de uma criançola, como prova do que eu estou falando, eu sempre fazia aquelas caixinhas de lembrança, inclusive eu tive uma caixinha em que eu deixava cartas às Alines futuras, com instruções sobre a vida, eu entendia que fazer aquilo era como viajar no tempo!

  Pois bem, uma das memórias que mais frequentemente aparecem nos meus flash backs cotidianos datam de quando eu tinha por volta dos 7 anos de idade, quando um parente meu me contou uma mentira e, mesmo eu sabendo, com certeza, que era uma mentira, ele me contou tão bem e insistiu tanto que era verdade, que eu duvidei de mim mesma e comecei a chorar. No caso, esse familiar me disse que eu tinha nascido de uma forma não-convencional, cujo os detalhes não merecem atenção, agora.


  Afinal, o que aquela memória tem a me ensinar? Formulei uma teoria: ela me ensina algo diferente a cada hora, a cada estímulo externo. Atualmente, ela está me ensinando a colocar mais fé em mim mesma, a não ceder, a confiar na minha capacidade. Veja só, nosso cérebro está sempre um passo a frente da nossa consciência. Bem motivacional essa memória, não? 

  
  Talvez seja aquela crise dos vinte anos de idade que está me atingindo com força, talvez seja uma ansiedade pelo-amor-de-deus passageira, mas eu estou mais propensa a acreditar no Papai Noel do que na minha inteligência, no que se refere a manejar a minha vida, e aquela Aline de 7 anos finalmente conseguiu! Ela deu conta de atravessar as barreiras físicas que impedem a viajem temporal , apenas e somente, pra me dar uma lição de moral das boas. Típico daquela senhora corretinha! Ela sabe o quanto eu ainda preciso dela, ela tem muito a me ensinar...