segunda-feira, 11 de julho de 2016

Para os intelectualóides: A importância das trivialidades


 Comecemos pelo significado de trivial: Segundo Silveira Bueno (2001), trivial é um adjetivo, sinônimo de fútil, significa algo que é ordinário, sendo a trivialidade, a qualidade dessa palavra.

 Das conclusões filosóficas de grandes intelectuais modernos às massas há um consenso: o que é trivial é ruim e deve ser evitado! A razão disso tudo? É que essas coisas ordinárias impedem que a mentalidade humana, as sensações, (algo culto), atinja sua plena capacidade.

 É notável que a inclinação dos pensadores, que coloca a trivialidade no pacote de coisas desnecessárias para a vida humana, chegou à atualidade de forma equivocada e com força total, afinal, quantos compartilhamentos online não nos dizem para "usar mais a cabeça", ou em termos mais intelectuais, "colocar a massa cinzenta pra funcionar"?

  Considerando que a grande maioria das pessoas que compartilham esse tipo de ideia têm uma remota noção do significado da palavra, fica perceptível que estão todos infectados pelo vírus da hipocrisia, e meus amigos, isso me dá náuseas!

  Sou insana ao afirmar que nós precisamos de futilidades em nossas vidas? Ao dizer que o que é ordinário é necessário para nos distrair um pouquinho às segundas-feiras?

  Tipo... qualé?! Qualquer otário pode ler um artigo no wikipédia ou citar Proust e falar sobre economia e Direito como se fossem pesquisadores cheios de cultura, quando na verdade estão apenas fazendo citações seguidas de citações por horas e horas, ao ponto de acreditarem, pelas suas vidas, que toda aquela bagagem de informação está sendo, ó meu dels, tão útil para alguém (!).
          
  Essa turma de hoje em dia - e digo hoje em dia porque não convivi com os antigos - repudia conversas frívolas e limitam-se a despejar doutrinas milimetricamente ensaiadas nos espelhos de suas casas bem na cara dos outros, e fazem esses 'outros' acharem que estão sendo ignorantes por não conseguirem achar diversão em um assunto que foram ensinados a admirar.

 Eu provavelmente estarei errada, eu disse PROVAVELMENTE, mas eu cresci assistindo "O mundo de Beakman", me desenvolvi achando que as pessoas se divertiriam como crianças com o conhecimento que iam adquirindo, que seríamos cientistas testando as possibilidades de existir e que seria um prazer imenso discutir as conclusões com outras pessoas, mas nãaaao, é preciso decorar alguns autores para legitimar uma forma de pensar, de viver, de agir!

  O conhecimento pelo conhecimento deveria ser mais importante do que aprender algo apenas mirando algo, seja impressionar pessoas, arranjar emprego ou apenas auto-afirmação. O que eu quero dizer é que é uma pena que estejamos colocando determinados tipos de bagagem cultural num cofre de "coisas que não deixariam ninguém me achando esperto", é deprimente pensar que estamos sempre querendo ensinar algo a alguém ao invés de nos jogarmos em futilidades de vez em quando e nos divertir com todo mundo, afinal, porque nos sobrecarregar todo o tempo se o que estão fazendo não é para o próprio prazer, para saciar uma curiosidade, mas apenas para significar algo?

  Conversemos sobre o clima, sobre as cores, sobre séries, filmes, revistas, roupas, ciência, tecnologia, música, arte, mas conversemos pelo prazer! Vamos descansar um pouco, cara.

 


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