Os meus melhores textos- ou o que eu acho que sejam meus melhores textos- vêm de onde eu menos espero. Eles aparecem do nada, quando meus dedos e minha mente andam mais juntas e deixam de se importar tanto com o sentido que as coisas deveriam ter.
Sabe, eu sempre gostei de escrever, mas me senti muito assustada quando descobri que existiam milhares de regras pra seguir, pra moldar o que eu penso, pra deixar tudo o que é legal numa fôrminha de bolo de milho. Eu odeio bolo de milho, mas adoro escrever e, por essa razão fiquei meio deprimida. Foi aí eu descobri, depois de refletir um tempo, que nessa fôrma cabiam outras receitas e, dentre elas, a minha favorita: bolo de brigadeiro!
O problema começou quando eu passei a achar a minha receita de bolo uma grande cópia de todas as outras receitas, e daí em diante tentei fazer uma que fosse minha e original. Foi quando tentei gourmetizar- o que foi um desastre completo-, que percebi que eu conseguia fazer um bolinho mais simples só puxando os ingredientes da memória. Acho que talvez seja por isso que eu tenha vergonha de chamar pessoas para experimentar o que eu faço, é tudo simples demais: o bolo não tem nada de especial, e talvez seja doce demais pra maioria dos paladares, só que eu gosto.
Pois é, não é fácil fazer textos (ou bolos).
E se cansar de fazer bolos, sempre existem os biscoitos.
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